Papa Francisco afirmou que é necessário enfrentar os problemas que estão na raiz do uso das drogas
Kelen GalvanDa Redação
Após a visita ao Santuário de Aparecida, nesta quarta-feira, 24, o Papa Francisco retornou ao Rio de Janeiro, para inaugurar um centro de atendimento para dependentes químicos no Hospital São Francisco de Assis da Providência de Deus. O local iniciará os atendimentos no final do mês, com 40 leitos. Quantidade que deve aumentar até o final do ano.
Uma multidão aguardava o Santo Padre no Hospital e o Pontífice fez questão de cumprimentar a todos. Funcionários, pacientes do hospital podiam se aproximar livremente do Papa para saudá-lo e ele parou para conversar com várias pessoas enquanto se dirigia ao palco instalado no local para o ato de inauguração.
O Arcebispo do Rio de Janeiro, Dom Orani João Tempesta, saudou o Papa e falou sobre o trabalho que será realizado pelo Polo de Atenção Integral à Saúde Mental (P.A.I.).
Na sequência, dois recuperandos falaram de suas experiências com as drogas e o modo como conseguiram vencer o vício. O Santo Padre acompanhou cada história atentamente, abraçando-os em seguida.
Logo após, o Papa Francisco fez um discurso, no qual destacou que há muitas situações no Brasil e no mundo que reclamam atenção, cuidado e amor, como a luta contra a dependência química. “A chaga do tráfico de drogas, que favorece a violência e que semeia a dor e a morte, exige da inteira sociedade um ato de coragem”, destacou.
O Pontífice afirmou que, ao contrário do que se discute em várias partes da América Latina, não é liberando o uso das drogas que se conseguirá “reduzir a difusão e a influência da dependência química”.
Segundo ele, “é necessário enfrentar os problemas que estão na raiz do uso das drogas, promovendo uma maior justiça, educando os jovens para os valores que constroem a vida comum, acompanhando quem está em dificuldade e dando esperança no futuro. Precisamos todos de olhar o outro com os olhos de amor de Cristo, aprender a abraçar quem passa necessidade, para expressar solidariedade, afeto e amor.
Entretanto, o Papa salientou, “abraçar não é o suficiente”. “Estendamos a mão a quem vive em dificuldade, a quem caiu na escuridão da dependência, talvez sem saber como, e digamos-lhe: Você pode se levantar, pode subir; é exigente, mas é possível se você o quiser”.
E dirigindo-se aos jovens em tratamento, o Papa disse: “Queridos amigos, queria dizer a cada um de vocês, mas sobretudo a tantas outras pessoas que ainda não tiveram a coragem de empreender o mesmo caminho de vocês: Você é o protagonista da subida; esta é a condição imprescindível! Você encontrará a mão estendida de quem quer lhe ajudar, mas ninguém pode fazer a subida no seu lugar. Mas vocês nunca estão sozinhos!”
Papa Francisco orientou os jovens a olharem para frente com confiança. “A travessia é longa e cansativa, mas olhem para frente, existe ‘um futuro certo, que se coloca numa perspectiva diferente relativamente às propostas ilusórias dos ídolos do mundo, mas que dá novo impulso e nova força à vida de todos os dias’. A vocês todos quero repetir: Não deixem que lhes roubem a esperança! Mas digo também: Não roubemos a esperança, pelo contrário, tornemo-nos todos portadores de esperança”.
O polo de atendimento trará uma grande contribuição para a cidade do Rio de Janeiro (RJ), onde vivem mais de 600 mil dependentes químicos e apenas 20 leitos disponíveis para atendimento. Atualmente, o Brasil tem dois milhões de dependentes químicos, sendo 50% na região Sudeste
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