Data:
terça-feira, 09 Abril 2013
De 10 a 19 de abril, realizar-se-á a 51ª Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), junto do Santuário Nacional de Nossa Senhora Aparecida. Para os bispos das 275 dioceses e outras circunscrições eclesiásticas do Brasil, esse é o grande momento anual de comunhão e corresponsabilidade eclesial.
Muitos assuntos fazem parte da extensa pauta, mas o tema principal será a paróquia, “comunidade de comunidades”. Há mais tempo vem sendo sentida a necessidade de retomar a reflexão sobre essa importantíssima realidade eclesial, que visibiliza e torna mais perceptível em toda parte o ser da Igreja e sua missão.
A Igreja é formada por todos os batizados e cada um é chamado a expressar a sua fé pelo testemunho de vida cristã e pela participação na vida e na missão da Igreja, de acordo com o seu estado de vida; mas, como aprendemos do Concílio, Deus não apenas quis estender a sua misericórdia a cada um individualmente, mas também chama todos a constituírem “um povo, reunido na unidade do Pai, do Filho e do Espírito Santo” (cf LG 4). A expressão comunitária é essencial à vida cristã e eclesial; e essa se expressa bem na paróquia.
Na eclesiologia católica, entendemos sempre que a Igreja, comunidade dos discípulos do Senhor, tem sua expressão mais visível na comunidade organizada sacramentalmente em torno de um ministro ordenado (padre e bispo), que representa Jesus Cristo, cabeça e pastor da Igreja; e na celebração eucarística, onde Cristo continua a reunir e a ensinar os seus, a nutri-los de si mesmo com o Pão da Vida e a enviá-los em missão.
A paróquia é essa “Igreja na base”, formada de muitas pessoas, comunidades e vários tipos de realidades e organizações eclesiais de leigos e de consagrados a Deus no serviço dos irmãos e da missão. À frente da paróquia há o padre, que a todos deve servir com a caridade de Cristo, que organiza, anima e conduz a vida dessa sua comunidade eclesial. As paróquias, por sua vez, não se bastam nem podem ficar indiferentes em relação às demais; por isso, elas precisam estar em comunhão também com o bispo e com as outras paróquias da diocese; o bispo é o pastor de todas as paróquias e mantém a unidade da vida eclesial em sua diocese. Por sua vez, ele está em comunhão com os outros bispos e com o Papa, pastor universal da Igreja, para servi-la e conduzi-la na caridade, em nome de Cristo.
Estamos atravessando um tempo de certo cansaço e até de esvaziamento das paróquias; os motivos podem ser vários e não vem ao caso elencá-los neste breve artigo; algumas causas são o tamanho das paróquias, muitas vezes excessivo; a diluição das relações entre fiéis e as paróquias; o individualismo da cultura atual; a falta de identificação dos fiéis com a própria paróquia e com seu pároco... Mas isso não é tudo.
O motivo principal da crise da paróquia parece-me ser a sua insuficiente compreensão teológica, muitas vezes identificada apenas com a igreja paroquial ou com a uma circunscrição geográfica, ou com um lugar de “serviços religiosos”. Seria preciso recuperar a compreensão comunitária e espiritual da paróquia, como grande comunidade de pessoas reunidas em torno de Cristo, no único Batismo, animadas pela mesma fé, esperança e caridade, guiadas pelos mesmos pastores. Antes de ser um “ente jurídico-canônico”, ou uma “realidade burocrática”, a paróquia é uma comunidade viva de pessoas; as realidades jurídico-burocráticas estão em função desse bem espiritual e sacramental.
Por isso, a meu ver, a renovação da vida da Igreja depende em muito da renovação dessa sua expressão mais básica e concreta, que é a paróquia. Precisamos tomar consciência renovada de quem somos, a partir da fé eclesial, superando certas análises apenas sociológicas, políticas ou culturais. A paróquia é parte da vida eclesial e uma expressão importantíssima dela. Se a paróquia vai bem, toda a Igreja vai bem.
Em nossa Arquidiocese, já há alguns anos, trabalhamos com esse apelo: “Paróquia, torna-te o que tu és!”. Na paróquia deve realizar-se aquilo que é a Igreja no seu todo; nela deve realizar-se o tríplice múnus de Jesus Cristo – do anúncio do Evangelho, da santificação e da caridade pastoral. Na paróquia, embora não de maneira exclusiva e isolada, realiza-se todo o bem da vida e da missão da Igreja. E isso não é pouco!
Muitos assuntos fazem parte da extensa pauta, mas o tema principal será a paróquia, “comunidade de comunidades”. Há mais tempo vem sendo sentida a necessidade de retomar a reflexão sobre essa importantíssima realidade eclesial, que visibiliza e torna mais perceptível em toda parte o ser da Igreja e sua missão.
A Igreja é formada por todos os batizados e cada um é chamado a expressar a sua fé pelo testemunho de vida cristã e pela participação na vida e na missão da Igreja, de acordo com o seu estado de vida; mas, como aprendemos do Concílio, Deus não apenas quis estender a sua misericórdia a cada um individualmente, mas também chama todos a constituírem “um povo, reunido na unidade do Pai, do Filho e do Espírito Santo” (cf LG 4). A expressão comunitária é essencial à vida cristã e eclesial; e essa se expressa bem na paróquia.
Na eclesiologia católica, entendemos sempre que a Igreja, comunidade dos discípulos do Senhor, tem sua expressão mais visível na comunidade organizada sacramentalmente em torno de um ministro ordenado (padre e bispo), que representa Jesus Cristo, cabeça e pastor da Igreja; e na celebração eucarística, onde Cristo continua a reunir e a ensinar os seus, a nutri-los de si mesmo com o Pão da Vida e a enviá-los em missão.
A paróquia é essa “Igreja na base”, formada de muitas pessoas, comunidades e vários tipos de realidades e organizações eclesiais de leigos e de consagrados a Deus no serviço dos irmãos e da missão. À frente da paróquia há o padre, que a todos deve servir com a caridade de Cristo, que organiza, anima e conduz a vida dessa sua comunidade eclesial. As paróquias, por sua vez, não se bastam nem podem ficar indiferentes em relação às demais; por isso, elas precisam estar em comunhão também com o bispo e com as outras paróquias da diocese; o bispo é o pastor de todas as paróquias e mantém a unidade da vida eclesial em sua diocese. Por sua vez, ele está em comunhão com os outros bispos e com o Papa, pastor universal da Igreja, para servi-la e conduzi-la na caridade, em nome de Cristo.
Estamos atravessando um tempo de certo cansaço e até de esvaziamento das paróquias; os motivos podem ser vários e não vem ao caso elencá-los neste breve artigo; algumas causas são o tamanho das paróquias, muitas vezes excessivo; a diluição das relações entre fiéis e as paróquias; o individualismo da cultura atual; a falta de identificação dos fiéis com a própria paróquia e com seu pároco... Mas isso não é tudo.
O motivo principal da crise da paróquia parece-me ser a sua insuficiente compreensão teológica, muitas vezes identificada apenas com a igreja paroquial ou com a uma circunscrição geográfica, ou com um lugar de “serviços religiosos”. Seria preciso recuperar a compreensão comunitária e espiritual da paróquia, como grande comunidade de pessoas reunidas em torno de Cristo, no único Batismo, animadas pela mesma fé, esperança e caridade, guiadas pelos mesmos pastores. Antes de ser um “ente jurídico-canônico”, ou uma “realidade burocrática”, a paróquia é uma comunidade viva de pessoas; as realidades jurídico-burocráticas estão em função desse bem espiritual e sacramental.
Por isso, a meu ver, a renovação da vida da Igreja depende em muito da renovação dessa sua expressão mais básica e concreta, que é a paróquia. Precisamos tomar consciência renovada de quem somos, a partir da fé eclesial, superando certas análises apenas sociológicas, políticas ou culturais. A paróquia é parte da vida eclesial e uma expressão importantíssima dela. Se a paróquia vai bem, toda a Igreja vai bem.
Em nossa Arquidiocese, já há alguns anos, trabalhamos com esse apelo: “Paróquia, torna-te o que tu és!”. Na paróquia deve realizar-se aquilo que é a Igreja no seu todo; nela deve realizar-se o tríplice múnus de Jesus Cristo – do anúncio do Evangelho, da santificação e da caridade pastoral. Na paróquia, embora não de maneira exclusiva e isolada, realiza-se todo o bem da vida e da missão da Igreja. E isso não é pouco!
Publicado em O SÃO PAULO, ed. de 26.03.2013
Arcebispo de São Paulo
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